sábado, 9 de maio de 2015

Proteínas, portas e janelas



Proteínas, portas e janelas



O crescimento e o desenvolvimento do ser humano estão associados ao consumo de proteínas, teorias nutricionistas dão conta desta ideia. Não só o crescimento corporal, mas também o desenvolvimento intelectual. Células abrem portas ou janelas para entrada de nutrientes, e saídas de desnutrientes. Proteínas circulam pelo sangue e pelas células, depois de passar em válvulas do coração e ter contato com o ar nos pulmões. Sequencias de portas e janelas, do equilíbrio da bomba sódio-potássio às janelas da imensidão celeste. 

O primeiro produto pensado para levar em jornadas e cavalgadas é a proteína animal, conservada pelo sal. Na falta de uma caça, o viajante tem como garantia proteica: o charque, a carne seca ou a carne de sol.  Uma manta de carne, com uso do sal produzido por uma tecnologia bastante simples; uma manta de carne benzida e abençoada por uma exposição ao tempo e ao sol. Mantas de carnes adicionadas de certa quantidade de sal, e expostas ao sol, como uma benção que vinda do céu, abençoa o alimento da viagem. Carreteiros e tropeiros criaram uma gastronomia, confeccionada em uma única panela, com arroz ou feijão, e uma carne conservada, ou maturada. Uma mistura de conhecimento e alimentação.

Em um determinado momento da história, e em determinado ponto do planeta, viajantes do deserto resolveram levar leite em um recipiente confeccionado com vísceras de animais. O leite talhou, e ainda assim os viajantes experimentaram e gostaram. Assim foi inventada a coalhada, passaram então a levar o leite que talhava, em suas travessias no deserto. Mais uma vez a proteína de origem animal, a caminho do desconhecido e do conhecimento. Com vísceras de animais, se faz o talho do leite para produzir queijos, bem antes do talho químico hoje comercializado.

O caboclo, o sertanejo sai pelo sertão, pelo serrado, e pela caatinga, em busca de mercadorias e conhecimentos, levando em seu bornal a garantia de uma sobrevivência com: carne, farinha e rapadura. Conhecimentos ele encontra pelo caminho, com raízes, folhas e frutos, seus usos e seus abusos. Aprendeu e aprende por experiências próprias, informações de outros, e observação dos animais. Cangaceiros do bando de Lampião construíram um conhecimento atravessando sertões, de onde tiravam bebidas, comidas e medicação.

O cérebro também abre portas e janelas para adquirir um conhecimento. Com informações sensoriais é possível construir um conhecimento. O corpo humano é um ser vivo dotado de inteligência e mobilidade, que aumenta com o crescimento corporal e intelectual. A carência de proteínas pode causar danos irreversíveis à formação fetal, ao crescimento pueril e estudantil, ao crescimento social e intelectual. E o homem é um ser nômade que anda sempre à procura de alimentos e conhecimentos. Desde o período de busca de caças, que finalizava e terminava fazendo uma fogueira para assar ou cozinhar em acampamentos improvisados; chega hoje aos períodos de um passeio na caça de compras e ofertas em um shopping, terminando com um lanche na praça de alimentação, e depois pegar suas montarias, com medidas em HP, em baias de estábulos, agora denominados de estacionamentos.

Cansado ou acuado em cavernas, o homem primitivo saia periodicamente em busca de alimentos e conhecimentos, quebrando o mito da caverna de interpretações em sombras. Abandonou as cavernas e construiu seus próprios abrigos em seus caminhos. Conseguiu mobilidade ao deixar de habitar cavernas e construir abrigos. Aprendeu a construir abrigos quando precisou ir mais longe buscar alimentos e conhecimentos. O frio o forçou a produzir agasalhos, com as sobras dos alimentos, peles e couros foram os primeiros agasalhos, para se proteger do frio e dos espinhos no caminho. Criou abrigos e acampamentos abertos e arejados possibilitando observar o ambiente á sua volta, sempre atento a sons, cheiros e alcances visuais. À medida que evoluiu seu conhecimento, isolou-se novamente em novas cavernas artificiais, casas e apartamentos, tal como fazia em cavernas naturais. Agora com modernidades e tecnologias pode acessar o mundo externo. Janelas possibilitaram a continuar a ver o que acontecia do lado de fora, e câmeras complementam seus olhares. 

Em uma casa ou uma universidade, cheia de portas e janelas há espaços para o ar circular. Escritórios fechados e sem janelas costumam ser especializados em apenas um assunto, ou mais comumente, desenvolver parte de um assunto. Há um ar artificial circulando por dutos de ar condicionado e terminais de computador. Seus funcionários funcionam por comandos de ordens de serviço (OS), encerram suas tarefas sobre determinado assunto, e passam para o departamento seguinte. Funcionários que não cumprem suas OSs podem ser deletados, excluídos dos arquivos constantes no RH, antes que se tornem vírus e contaminem os processos e as pessoas.

Uma universidade sempre está aberta para o universo, deve formar um conhecimento plural. Água parada cria lodo, pedra que rola perde as arestas e tende a criar uma forma esférica, que facilita cada vez mais seu rolamento para chegar a outro lugar, quebrando sua estática posição de inerte.

Casebres com pequenas portas e pequenas janelas, estão associados a regiões pobres e carentes, com uma população de baixa renda e poucos recursos, por muitas vezes sobrevivendo do que pode ser retirado de locais próximos como aterros sanitários, depósitos de coisas velhas e solos esturricados pela seca. Casas sem ventilação e sem informação, sem iluminação e sem refeição.

Uma boa alimentação está associada a um bom rendimento escolar; e bons resultados em empresas. Refeitórios e restaurantes em escolas e empresas contribuem com um bom desempenho. Bons rendimentos e boas remunerações tendem a novos hábitos alimentares evoluídos por uma gastronomia. O modelo food truck começa a tomar conta do país levando saberes e sabores ás ruas por meio de uma gourmetização dos produtos já existentes. Até a tapioca ganha novos sabores com novos recheios. 

Quando tudo acaba em pizza, coberturas diversas são solicitadas. Arroz com feijão, e rapadura com farinha são alimentos para uma sobrevivência, para não morrer de fome, tal como rações em períodos de guerra, quando não há como ter um rancho para alimentar adequadamente soldados no front de guerra. As tropas têm um melhor desempenho quando bem alimentadas. Comandantes são sempre bem alimentados, com conforto e exclusividade em seus cardápios, já que ocupam posições de comando na paz ou na guerra.

Saberes e sabores estão relacionados desde os tempos bíblicos relatados em Gênese, quando Deus deu permissão a Adão e Eva, de provar todos os frutos que estivessem no jardim do Edem. Exceto um, que lhes proporcionou um maior conhecimento.  O fruto que estava localizado no meio do jardim, tal como um processador em uma placa verde, a placa mãe, enquanto o paraíso terrestre estava na mãe terra. 

Se Deus fez o homem à sua imagem e semelhança, o homem fez o computador a sua imagem e semelhança. Um computador processa seus dados como um homem processa seus pensamentos, buscando arquivos na memória. E se arquivos de saberes e sabores não foram instalados em HDs cerebrais, quando portas e janelas estavam abertas, não há como encontra-los, quando deles precisa-los. 

É por entradas e saídas, portas e janelas que um computador recebe ou envia dados. Com prótons e bytes circulam informações e conhecimentos entre seus chips celulares, e suas memórias.


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