Tomar um café em um bar ou
botequim, padaria ou confeitaria; em pé junto a um balcão do estabelecimento, era
uma cena muito comum no século passado no centro do Rio de Janeiro/RJ. Cena
muito mais comum ainda, em São Paulo/SP e Santos/SP. Outras cidades que
acompanharam o avanço e progresso do Brasil, com certeza também compartilharam
do costume de tomar café em pé. O café sempre esteve perto dos movimentos
políticos e culturais. Tomar um café pode ser desculpa para fechar negócios e
fazer companhias, comerciais, artísticas ou sociais.
São Paulo, o estado com a maior
produção de café, no país. E Santos a cidade onde pelo seu porto escoava a
maior parte da produção do café nacional, acondicionado em sacas para exportação,
o chamado ouro verde. Nos primeiros embarques, em antigos navios, as sacas de
café eram embarcadas, carregadas por estivadores subindo e descendo escadas e rampas,
chegando até os porões dos navios. Os portos se modernizaram e chegaram os
guindastes para embarques e desembarques de mercadorias. E as cargas passaram a
formar lingadas (vocabulário do grupo de estiva) para serem içadas e transferidas
do navio para o cais, ou do cais para o navio. E Santos continua embarcando
produtos para um café da manhã: café, açúcar e suco de laranja.
O sistema de transporte
evoluiu e as sacas de café passaram a ser separadas e classificadas por lotes.
Colocadas em containers, que depois de ovados (vocabulário do grupo de estiva),
são lacrados e fumigados. Criando assim um controle de qualidade a partir dos
lotes, e da prevenção de pragas e insetos nos grãos exportados. Nas sacas as
estampas: “Café do Brasil”, e ”SIF” (Serviço de Inspeção Federal).
Tal como o café, outros
produtos foram embalados e exportados, para serem beneficiados, e voltarem com
valores agregados, com qualidade na produção, e melhorias na apresentação. E assim foram embarcados produtos do celeiro:
café, algodão e soja. Embarques de exportação in natura, que voltam como importação, com critérios de qualidade e
valores agregados. Café, açúcar e suco de laranja, adquirem novos sotaques e
novas embalagens: coffee, sugar and Orange juice.
A Confeitaria Colombo, no
Rio de Janeiro completou 120 anos, e guarda cenas e cenários centenários,
refletidos em suas paredes com seus espelhos. Personagens do meio literário e artístico,
político e social, são relembrados nos salões da Colombo, pelas mesas que
ocupavam, pelos cafés que tomavam, e acepipes que comiam.
O sistema de transporte
marítimo evoluiu, e o hábito de tomar café evoluiu também. Ao longo do tempo o
Brasil exportou grãos e importou hábitos.
As indústrias torrefadoras mudaram seus modos e critérios de torra,
criando novos tipos de beneficiamento e aproveitamento das sementes. Novas
embalagens e novas misturas. Primeiro trouxeram os cafés solúveis, depois os
cafés mais encorpados e aromatizados. Cafés que incorporam sabores, hábitos e
costumes.
Tomar um café em pé também
evoluiu. Ainda é possível encontrar um lugar para tomar um café em pé junto a
um balcão, onde se recebe uma xícara quente, com a opção de tomar o café
adoçado com açúcar nacional, ou usar adoçante. Um modo diferente de adoçar, modelos
de laboratórios internacionais promovendo redução de calorias ingeridas. Vez
por outras as indústrias farmacêuticas e a ciência medica, condenam ou
incentivam o uso de adoçantes naturais ou artificiais. Balanças comerciais ou
nutricionais variam com os momentos, e os argumentos, tendendo seus pratos para
um lado ou para outro.
Com um pouco mais de
sofisticação poderemos encontrar opções de açúcar: mascavo, cristal, demerara
ou refinado. Açúcar a granel, em envelopes ou em cubos. Alem do adoçante liquido,
ainda podemos encontrar o adoçante em pó, acondicionados em saches individuais.
Em cada envelope ou sache, deverão constar nas embalagens, o peso e o total de
calorias.
Antes ou depois de um stand up comedy, podemos encontrar um
lugar para tomar um café em pé. Ou quem sabe durante o espetáculo, em um teatro
com a opção de um coffee shop na
plateia. Um teatro com espelhos para não perder o espetáculo, enquanto se
saboreia um café. Café um símbolo brasileiro, incorporado e encorpado por
estrangeiros.
Hoje as cafeterias
disponibilizam espaços para sentar à mesa e escolher entre vários tipos de
cafés. Tipos que se diferenciam na origem dos grãos, no preparo e na
apresentação, entre copos e xícaras, temperaturas e desenhos de finalização. Um
simples café em pé vai ficando para os novos apressados do século.
Rio de Janeiro/RJ ─
12/10/2014
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Texto produzido para:
O
Jornal de HOJE – Natal/RN
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Palavras Chaves: gestão; qualidade; conhecimento
Palabras Clave: gestión; la calidad; el conocimiento
Key Words: management; quality; knowledge
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