di Gestão
de Pessoas
Alguns povos denominados como
primitivos, — pelos povos autodenominados como civilizados —, também foram
denominados como canibais. Os povos ou grupos de pessoas, que capturavam seus supostos
inimigos e consumiam suas partes, como um gesto ligado a crenças ou religiões. Muitos
acreditavam que ao consumir os grandes e poderosos inimigos, os inimigos
inteligentes, estariam adquirindo seus poderes e seus conhecimentos. Poderiam
inclusive preferir consumir partes anatômicas definidas, como o coração, ou como
o cérebro. Por intuição ou certeza, entendiam que o cérebro seria o comando do
corpo, e consumindo cérebros de estrategistas inteligentes, poderiam adquirir
suas táticas e suas estratégias, consumindo a sua mente. Corações poderiam ser
fortes e valentes, ardentes ou gelados. Outros poderiam preferir o fígado. Pensamento
valido, ou não, um desafio deixado para a ciência; que ela, a ciência, consuma
seus neurônios: suas fagocitoses e suas sinapses.
Em uma receita indígena:
churrasco de homem branco. Depois de ensinar os modos de preparo do fogo, da
grelha, e da lenha. Atribui como a melhor parte, uma parte muito apreciada
pelos índios. A parte compreendida entre os dedos indicadores e os dedos
polegares. Parte conhecida na anatomia como tabaqueira. A parte de apoio para
fumantes prepararem seus cachimbos, e desfiarem o tabaco, para um cigarro de
palha.
Entre a ciência e o empirismo.
A ciência é considerada um saber e um conhecimento, por realizar coleta de
dados, análises, testes e experimentos, e admitir uma repetição em cima dos
resultados obtidos e estimados. Tal como o conhecimento empírico que resiste ao
tempo pelas suas repetições. Chás de ervas, com folhas e talos, frutos ou
sementes, são do conhecimento empírico. O conhecimento popular, surgido do
povo, por darem resultados repetidas vezes, sem estar descrito em planilhas e estatísticas,
apenas por observação dos resultados obtidos, repetidas vezes, com diferentes
pessoas. E a ciência se apropria do histórico cultural. Uma difusão do
conhecimento, por uma informação verbal, a história oral, a construção cultural.
E a ciência funciona tal como uma religião. Depois de dados coletados e analisados,
resta a fé do evento acontecer, repetir tal como previsto. Tal como suas
repetições nas análises passadas.
O empirismo não é esquecido, a
crendice é continuada. Tal como a educação e conhecimento são pregados, de
serem postergados e continuados. Ainda hoje temos a expressão que ressalta o dizer
do desejo, de alguém consumir o fígado de outrem. Sendo o fígado a maior
glândula do corpo, com capacidades regenerativas e digestivas. Algumas partes
anatômicas poderiam ser consideradas, pelos chamados de canibais, como partes
mais nobres, cabendo o consumo a pessoas destacadas e escolhidas. Na Bíblia
temos uma passagem: o desejo da cabeça de João Batista (Mateus, 14), o profeta
ressuscitado.
Servir a cabeça de alguém em
uma bandeja, já pode ter sido considerado hábitos de requinte, de crueldade e
selvageria. Inimigos já foram degolados, decapitados e guilhotinados. A cabeça
separada do corpo, o ser desconectado do Universo. O Universo como a casa das
estrelas e o universo intelectual, contido em seus pensamentos mentais.
No sertão brasileiro,
personagens considerados como inimigos dos sistemas políticos, tiveram suas
cabeças decepadas, como prova do feito, e a glória da vitória. Lampião e outros
cangaceiros, e Antônio Conselheiro, tiveram suas cabeças decepadas, como prova
de fim de suas existências, o fim de suas histórias respaldadas pela ciência. A
ciência que pretendia descobrir e definir suas ações, ao pesquisar cabeças decepadas
em laboratório. A curiosidade da ciência, pesquisar parâmetros para criar suas
teorias. Cortaram cabeças em nome da ciência, em nome do conhecimento.
Hoje imagens de cabeças e
corpos sem cabeças, são compartilhados e zapeados, em celulares e computadores,
em redes sociais ou grupos privados. Em alguns dias na história as cabeças
foram expostas e praça públicas, e nos degraus de uma escada, A informação e
conhecimento mudam com o tempo e a mídia. Podendo ser aplaudida ou rechaçada.
Daí o homem mudou seus rumos,
partiu para um canibalismo de coisas e objetos, frutos de um desejo. Desejos
próprios ou fomentados pela propaganda, atiçando os desejos, criando
estratégias de consumismo. Criou artefatos que pudessem causar inveja e desejo
em quem não os possuía, mas poderia fazer de tudo, e pagar o quanto tivesse
para alcançar um objeto de desejo. O desejo de ter algo para facilitar a vida, o
desejo de se embelezar, ou o desejo de ter, somente por ter, diante de quem não
tem. O simbolismo de um poder, como um carro ou uma joia. A possibilidade de
devorar o desejo do outro. O canibalismo do outro pela possibilidade e poder,
de obter o desejo, de um e de outro. Excluir o outro, pelo ter um produto que o
outro não tem. Inclusive o saber e o conhecimento. Criar histórias e publicar;
ter um livro impresso como perpetuação de sua história, a materialização dos
personagens descritos, a mobilidade dos que ali estão citados. Ter um livro
publicado que o outro não tem.
O ser humano evoluiu a partir
de seus próprios pontos de vistas, e não consome carne humana, consome as
carnes de outros animais. De crua a defumada; embutida ou enlatada, com marcas
e grifes elitizadas. Requintados em sabores e embalagens, acrescentadas de
especiarias, raras ou importadas. Com frases na embalagem de ser uma reserva
especial. VSOP – Very Special Old Par, para pessoas especiais; VIP – Very
Important Persons. RSPV - Répondez S'il Vous Plaît. As
estratégias de pertencer a pequenas classes, classes elitizadas e gourmetizadas.
Estratégias de poder, com a exclusão de outros.
Alguns movimentos populares e
religiosos pregam o não consumo de carne animal, como um ato de respeito e
evolução, dos animais, da humanidade e do mundo, do planeta e do Universo. E novamente
a religião. A unificação do Universo, o Universo tornando-se único. E morreu
Maria preá, pois só o futuro dirá. E surge outra teoria, a dos universos
paralelos; ou a humanidade chegou a um limite, e agora retorna ao ponto inicial.
Da grande explosão (Big Bang), a uma lenta implosão, de ideias e conhecimentos.
O ser humano deixou de ser, e
ser visto como animal. Passou a ser um ser social, capaz de viver em uma sociedade,
a visão de todos por um e um por todos. Formou grupos diferenciados. Casa e
casamento, escolaridades, idades e afinidades; clubes e igrejas. Reservas
intelectuais com associações profissionais. Os cinco dedos definiram cinco
classes ou grupos de envolvimentos: parentesco; vizinhança; escola, colégio ou
trabalho; clubes e associações, politicas; igrejas, seitas e religiões.
O homem evolui mais um pouco, e
pode ser considerado um ser intelectual, passando a servir cabeças em bandejas simbólicas,
de prata, finamente decoradas e manufaturadas. Mudaram as estratégias de
poderes. Exclui outros, por ter um canudo de papel. O antigo papel de escritas,
enrolado como um pergaminho. Universidades invisíveis. Criam-se estratégias de
limitar os possuidores do canudo. Canudos diferenciados, escalonados, diplomas
e certificados. Especializados, mestrados e doutorados. E os doutores temendo a
disputa no topo da pirâmide que ocupavam, criaram mais outro degrau, o dos pós-doutorados.
Novas disputas em conseguir quantidades de pós-doutorados.
Professores tem poderes
degoladores, reprovadores. Um fato comum antes de provas em escolas e
faculdades, é a expressão “cabeças vão rolar”. Cortam cabeças em nome do
conhecimento, estratégias dos séculos passados. O poder de aferir um zero na
prova apresentada. O aluno deve responder na prova as palavras mais exatas, e mais
próximas do que as que o professor tenha falado, caso contrário poderá ser
degolado, e com muitas reprovações será jubilado, excluído do meio acadêmico. O
domínio e o poder do professor articulado com o sistema opressor e dominador do
saber, associado a instituições públicas e particulares de saberes. O
conhecimento ditado e repassado. Cada aluno tem a opção de assimilar ou não.
A academia do conhecimento
como detentora de um saber, apropriada de um conhecimento que não produziu,
apenas anotou e escreveu. Descreveu e publicou, seja em livros ou apostilas, em
revistas especializadas. A escrita como um domínio, sobre o saber oral. E o
aluno ainda é cobrado saber a lição na ponta da língua, além de produzir um
documento escrito, que possa ser conferido. A prova, como prova legal de seu
conhecimento. O repasse da responsabilidade do ônus da prova, o ônus de quem
acusa. A prova corrigida por alguém, que detém um suposto conhecimento. Mas o
conhecimento está nas ruas, fora das salas de aulas. O conhecimento está
literalmente nas mãos, ao alcance dos olhos.
Depois da academia do
conhecimento, da universidade ou da faculdade, outros grilhões. O homem
intelectual com outras estratégias. O homem detentor de um capital financeiro, com
a busca de deter uma capital intelectual. Estratégias e ferramentas agora admitidas,
consome e suga as forças de outros humanos, não declarados como inimigos, mas
declarados no PIS, como funcionários e colaboradores. Caso não se comportem
como o desejado, aí sim serão inimigos e podem ser banidos, exilados ou expulsos
de uma empresa com o título de demitido. Um título que macula seu currículo.
Anos de trabalho podem ser jogados fora com uma CTPS carimbada.
Entre Natal/RN e Parnamirim/RN, 1 de julho de 2015
Roberto Cardoso (Maracajá)
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IHGRN – Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande
do Norte
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INRGN – Instituto Norte-rio-grandense de
Genealogia
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PREMIO DESTAQUES DO MERCADO na categoria
Colunista em Informática – 2013.
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PREMIO DESTAQUES DO MERCADO na categoria
Colunista em Informática – 2014.
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Escritor; Ensaísta; Articulista
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Jornalista Científico (FAPERN-UFRN-CNPq).
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Desenvolvedor de Komunikologia.
PDF 415 (v.Pk)
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